Rastreamento através do antígeno prostático específico na Atenção Primária
Resumo
Introdução: Através da dosagem do antígeno prostático específico (PSA) como instrumento de rastreamento os custos com o câncer de próstata aumentaram 3 a 10 vezes. Atualmente, não há evidência de que o rastreamento para este câncer reduza a mortalidade causada pela doença. Isto se deve principalmente pelo desconhecimento da história natural da neoplasia e pela baixa acurácia dos exames para rastreio.
Objetivos: Discutir a realização do exame de PSA como medida rastreamento de neoplasia da próstata e de hiperplasia prostática benigna (HPB). Ainda, verificar os níveis séricos do PSA nos pacientes diagnosticados com estas duas patologias.
Metodologia ou descrição da experiência: O U.S. Preventive Service Task Force (USPSTF) concluiu em sua revisão de 2012 não recomendar o exame rotineiro do câncer de próstata com PSA e toque retal, uma vez que as evidências de sua efetividade são inexistentes, de baixa qualidade ou conflitantes e que o balanço entre benefícios e danos não pode ser determinado. Por este motivo, foi desenvolvido um estudo transversal e retrospectivo, a partir dos prontuários dos pacientes com neoplasia da próstata ou HPB na Estratégia Saúde da Família Irmã Thereza Uber, município de Água Doce, meio-oeste de Santa Catarina, cuja abrangência é de 100% da população (4095 habitantes). O período para análise foi de janeiro de 2012 a outubro de 2013.
Resultados: No período compreendido para análise foram identificados 4 pacientes com neoplasia prostática, dos quais 3 apresentavam doença metastática, já em tratamento. Estes apresentavam valores aumentados do PSA. Já o paciente com doença localizada apresentava nível sérico do PSA normal. Dentre os pacientes diagnosticados com hiperplasia prostática benigna (n= 31), 87,09% (n= 27) apresentava PSA normal no momento do diagnóstico, sendo que este fora realizado por meio de exame ultrassonográfico ou pelo toque retal, de acordo com a sintomatologia apresentada. Ainda, os 4 pacientes encaminhados para a atenção secundária apresentavam além do aumento do PSA, sintomas sugestivos de hiperplasia da próstata.
Conclusões ou hipóteses: Até o momento, não há evidências científicas de o rastreamento por meio do PSA causar mais benefício que dano. Assim, tais ações não devem ser recomendadas. Além disso, homens que solicitam a realização do PSA, devem ser informados sobre os riscos e benefícios da investigação. Neste estudo não foi verificado que o PSA fosse determinante no diagnóstico nem da HPB, nem do câncer da próstata.
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