Negligência nos cuidados ao paciente idoso – relato de caso

Resumo

Introdução: A violência não é objeto especifico da área da saúde. Porém, além do atendimento às vítimas, é primordial a elaboração de estratégias de prevenção para promover a saúde. O Estatuto do Idoso afirma que: “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligencia, discriminação, violência, crueldade ou opressão e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão será punido na forma da Lei”.

Objetivos: O presente relato aborda a identificação da violência contra uma paciente idosa, no município de Água Doce, interior de Santa Catarina. Objetiva-se destacar a importância do médico de família e comunidade bem como de ações multidisciplinares que permitem identificar e tratar casos precoces.

Metodologia ou descrição da experiência: A equipe saúde da família acompanha rotineiramente uma paciente de 72 anos, diagnosticada com doença de Alzheimer, hipertensão arterial, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca. É cuidada pelo esposo, também de idade avançada e eventualmente pela filha, divorciada e que mora junto com os pais. Além das frequentes vindas à unidade de saúde por hipoglicemia, verificou-se durante visita domiciliar que a paciente encontrava-se com as pernas edemaciadas e apresentava queimaduras solares, pois foi esquecida ao sol. Procedeu-se à internação hospitalar, mas após um dia foi solicitada alta pelos familiares que argumentaram ser mais fácil cuidar da paciente no domicílio.

Resultados: No Brasil, 27% das internações de 93 mil idosos, estão relacionadas à violência ou agressões. Dentre os tipos de violência contra idoso estão: a violência física, psicológica, sexual, financeira ou econômica, medicamentosa, emocional e social, abandono e negligência. Esta última refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negligência é uma das formas de violência mais presente no país. Ela se manifesta, frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais sociais, em particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade.

Conclusões ou hipóteses: A violência contra o idoso permeia a vida de forma oculta e na maioria das vezes silenciosa. Os profissionais da Atenção Básica têm a oportunidade de diminuir os danos gerados na família e por um fim no ciclo que envolve a violência. Este relato aborda um caso de negligência por parte do cuidador e cabe à Atenção Primária identificar alternativas para resolução deste problema.