Abordagem da hanseníase na Atenção Primária em uma comunidade no Recife
Resumo
Introdução: A hanseníase é uma enfermidade infecciosa com importante impacto social. Em 2012 o Brasil ficou em segundo lugar quanto aos novos casos da doença no mundo e mostrou o maior percentual entre crianças nas Américas. A cidade do Recife teve um coeficiente de detecção três vezes maior que a média nacional. A detecção precoce é a principal estratégia na redução da carga da doença segundo a OMS.
Objetivos: Através de ações promotoras de saúde objetivamos aumentar a vigilância epidemiológica da hanseníase na região estudada, potencializar o índice de detecção e prover o exame dos contactantes, além de reduzir o grau de incapacidades e preconceito da população
Metodologia ou descrição da experiência: Em uma comunidade situada no Recife, com 5450 habitantes, e infraestrutura urbana precária, foi realizado um estudo descritivo, longitudinal e intervencionista para abordagem da hanseníase, o mesmo teve uma duração de 4 anos. Numa fase inicial foram realizadas capacitações para as ACS e a população local na forma de projeção de vídeos, rodas de conversa e teatros. Semestralmente foram realizadas campanhas na USF para diagnóstico. E finalmente, devido à concentração de casos em três microáreas, foi feito um mutirão de visitas domiciliares. Com esse conjunto de ações foi esperada uma otimização dos indicadores operacionais da hanseníase.
Resultados: Houve uma sensibilização do usuário em relação às manifestações da doença, que passou a olhar a si mesmo e ao outro na busca de sinais e sintomas de hanseníase. Ao longo do tempo foram detectados 67 casos novos, sendo 17 em menores de 15 anos e 44 em ações sistemáticas. Houve 57 altas por cura, 4 transferências, 2 abandonos e 4 ainda em tratamento. Registraram-se 240 contactantes e 201 destes foram examinados, numa proporção de 83,7%. Os índices encontrados chamaram a atenção da gestão local e federal. A ação constituída de visitas a 270 domicílios fez subir a taxa de detecção em 412,5% no terceiro ano, e ao final do quarto ano a prevalência havia sido reduzida em 41,16%.
Conclusões ou hipóteses: Este relato permite concluir que o acompanhamento longitudinal de uma equipe de saúde da família, com processo de trabalho organizado, ações sistemáticas, garantia de acesso ao tratamento individual e vínculo modifica o cenário epidemiológico de uma patologia como a hanseníase, apesar dos determinantes sociais adversos.
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