Abordagem da hanseníase na Atenção Primária em uma comunidade no Recife

Milton Teles de Mendonça Junior, Rossana Allain Teixeira Galvão, Milka Laurice da Silva, Ana Claudia Albuquerque de Araújo, Verônica Galvão Freires Cisneiros

Resumo


Introdução: A hanseníase é uma enfermidade infecciosa com importante impacto social. Em 2012 o Brasil ficou em segundo lugar quanto aos novos casos da doença no mundo e mostrou o maior percentual entre crianças nas Américas. A cidade do Recife teve um coeficiente de detecção três vezes maior que a média nacional. A detecção precoce é a principal estratégia na redução da carga da doença segundo a OMS.

Objetivos: Através de ações promotoras de saúde objetivamos aumentar a vigilância epidemiológica da hanseníase na região estudada, potencializar o índice de detecção e prover o exame dos contactantes, além de reduzir o grau de incapacidades e preconceito da população

Metodologia ou descrição da experiência: Em uma comunidade situada no Recife, com 5450 habitantes, e infraestrutura urbana precária, foi realizado um estudo descritivo, longitudinal e intervencionista para abordagem da hanseníase, o mesmo teve uma duração de 4 anos. Numa fase inicial foram realizadas capacitações para as ACS e a população local na forma de projeção de vídeos, rodas de conversa e teatros. Semestralmente foram realizadas campanhas na USF para diagnóstico. E finalmente, devido à concentração de casos em três microáreas, foi feito um mutirão de visitas domiciliares. Com esse conjunto de ações foi esperada uma otimização dos indicadores operacionais da hanseníase.

Resultados: Houve uma sensibilização do usuário em relação às manifestações da doença, que passou a olhar a si mesmo e ao outro na busca de sinais e sintomas de hanseníase. Ao longo do tempo foram detectados 67 casos novos, sendo 17 em menores de 15 anos e 44 em ações sistemáticas. Houve 57 altas por cura, 4 transferências, 2 abandonos e 4 ainda em tratamento. Registraram-se 240 contactantes e 201 destes foram examinados, numa proporção de 83,7%. Os índices encontrados chamaram a atenção da gestão local e federal. A ação constituída de visitas a 270 domicílios fez subir a taxa de detecção em 412,5% no terceiro ano, e ao final do quarto ano a prevalência havia sido reduzida em 41,16%.

Conclusões ou hipóteses: Este relato permite concluir que o acompanhamento longitudinal de uma equipe de saúde da família, com processo de trabalho organizado, ações sistemáticas, garantia de acesso ao tratamento individual e vínculo modifica o cenário epidemiológico de uma patologia como a hanseníase, apesar dos determinantes sociais adversos.

 


Palavras-chave


Hanseníase; Saúde da Família; Saúde Pública

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