Internato rural no sertão indígena de Pernambuco: um projeto piloto

Eneline Andrade Heráclio Gouveia, Lúcia Helena Guimarães Rodrigues, Ruben Schindler Maggi

Resumo


Introdução: A falta de assistência médica em áreas remotas continua sendo um desafio resistente às mais variadas estratégias. Contudo, o internato rural desponta como um passo fundamental para resolução desse problema, contribuindo para a formação de médicos com uma nova consciência relacionada aos problemas de saúde, capazes de uma postura socialmente responsável para com as comunidades onde atuam.

Objetivos: Relatar a vivência dos primeiros internos que participaram da iniciativa pioneira de uma IES com o internato rural em uma comunidade indígena em Pernambuco, as dificuldades por eles enfrentadas, e a importância dessa experiência transcultural na construção na identidade do profissional/ ser humano.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Essa atividade foi realizada nas terras indígenas de Pankararu, sertão pernambucano, próximo ao Rio São Francisco. Em períodos distintos 04 internos ficaram hospedados na casa de uma mesma família indígena, onde tiveram a oportunidade de experimentar do seu cotidiano. Fizeram parte das atividades acadêmicas: visita ao campo, atendimento em postos de saúde, assistência ao recém-nascido após parto em domicílio, atendimentos com a equipe de saúde mental, campanha de vacinação, auxílio à equipe de saúde na produção de artigos científicos e participação nas tradições indígenas.

Resultados: A imersão cultural vivenciada pelos estudantes - conhecendo as dificuldades enfrentadas pelo sertanejo e aprendendo a conciliar o conhecimento médico às tradições indígenas - os proporcionou uma visão mais holística sobre o paciente, o processo saúde-doença e a sociedade como um todo, quebrando conceitos pré-existentes e por vezes destorcidos, com relação a Medicina Rural, Atenção Primária e populações minoritárias. Essa experiência resultou no envolvimento de alunos de outros cursos e de vários períodos em ações de saúde realizadas em etnias mal assistidas do estado, em um projeto de extensão, bem como na atuação de um dos estudantes em uma comunidade indígena após a graduação.

Conclusão ou Hipóteses: Essa experiência corrobora com os estudos que apontam o internato rural como um a das etapas para a fixação de profissionais no interior do país a partir da sensibilização dos estudantes com uma realidade até então desconhecida. Reforçando a importância da introdução dessa experiência na reforma curricular para a formação de um profissional com senso de justiça e responsabilidade social.

Palavras-chave


Medicina de Família; Internato Rural; Saúde Indígena

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