Prevenção de câncer de colo uterino em comunidades ribeirinhas do Pará, Brasil
Resumo
Introdução: Dentre as doenças causadas por infecções sexualmente transmissíveis (IST), destaca-se o câncer de colo do útero (CCU) que apresenta a maior incidência nas mulheres do Estado do Pará, sem considerar os tumores da pele não melanoma. É importante trabalhar a prevenção de CCU em comunidades ribeirinhas devido à característica isolada dessas comunidades e à frequência das mesmas na região.
Objetivos: O Programa Luz na Amazônia agrega voluntários em parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA) com a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), com o objetivo da prevenção primária e secundária de doenças, incluindo o câncer cervical.
Metodologia ou Descrição da Experiência: No período de março de 2011 a abril de 2012 foram realizadas viagens mensais em comunidades ribeirinhas, onde foram desenvolvidas ações educativas e o estímulo da realização do exame de Papanicolaou (PCCU) por mulheres sexualmente ativas que nunca o tinham realizado ou que o tinham realizado há mais de um ano. Os exames foram entregues em consultas com médicos voluntários do programa.
Resultados: Foram realizados 65 exames de PCCU em mulheres de 15 a 80 anos, onde 82% (n = 53) tinham relacionamento estável, 88% (n = 58) não usam camisinha, 95% (n = 63) não usam anticoncepcionais orais, 74% (n = 49) não são fumantes e 32% (n = 21) realizaram o exame PCCU pela primeira vez. O início da vida sexual variou de 12 a 36 anos, com média de 16,5 anos. O número de parceiros sexuais variou de um a 10, com média de 2,3 e o número de filhos variou de um a 11, com média de 4,3. O exame de Papanicolaou classificou 61% (n = 40) dos esfregaços como inflamatórios, além de 7,7% (n = 5) contendo células escamosas alteradas, destacando-se um caso sugestivo de lesão intraepitelial de alto grau (HSIL).
Conclusão ou Hipóteses: As mulheres ribeirinhas apresentam características de proteção contra CCU, como a relação conjugal estável, a baixa frequência no uso de métodos contraceptivos e de cigarro, além de baixo número médio de parceiros sexuais. No entanto, a deficiente cobertura do PCCU, associada ao início precoce da atividade sexual e ao elevado número médio de filhos podem atuar como fatores de risco.
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