A trajetória do doente no processo de adaptação à doença crônica

Rayane Cupolillo Ferreira, Regina Paiva Daumas, Eduardo Bianck Menezes, Teresa Ventura

Resumo


Introdução: O processo de adaptação à doença varia de acordo com as características do individuo, da família e do agravo de saúde manifesto. O médico de família tem o importante papel de observar e intervir no processo de enfrentamento à doença e atuar na mediação de conflitos. O estudo é resultado de um estágio de intercâmbio em Medicina Geral e Familiar realizado em um centro de saúde em Lisboa (Portugal).

Objetivos: Este estudo objetiva analisar as fases do processo de adaptação do indivíduo e sua família à doença, desde antes do seu diagnóstico até o momento atual, a partir do relato de caso de um homem de 78 anos com neoplasia maligna da próstata em tratamento hormonal.

Metodologia ou Descrição da Experiência: ADSMVS, 78 anos, masculino, caucasiano, natural de Evora, residente em Lisboa, casado há 46 anos com a esposa de 79 anos, tem 1 filha de 40 anos, católico, cursou ensino secundário, trabalhou como analista químico industrial, reformado há 20 anos, diagnosticado com Câncer de Próstata em 2002, em terapia anti-androgênica para controle da doença. Foram utilizados os seguintes instrumentos de abordagem individual e familiar: Genograma e Psicofigura de Mitchel, Círculo Familiar de Thrower, Apgar Familiar de Smilkstein, Linha de Vida de Medalle, Escala Social de Graffar e Ciclo de Vida Familiar de Duvall. As informações foram obtidas por meio de entrevista autorizada e revisão de prontuário.

Resultados: A doença é classificada como de início súbito; de evolução constante; não incapacitante e possivelmente fatal. A análise dos instrumentos revela importantes aspectos do binômio indivíduo/família: o papel dominante, de elemento central na família, vivido por ADSMVS; o grau nulo de disfunção familiar, que permite um questionamento quanto a confiabilidade deste resultado devido a apresentação de desordens da esfera psico-afetiva em alguns momentos da vida de ADSMVS (Linha de Vida) que colocam, potencialmente, uma família em risco de disfunção ou são problemas resultantes de um quadro já estabelecido de disfunção familiar; e a convivência com as limitações próprias da fase VIII do Ciclo de Vida.

Conclusão ou Hipóteses: Destaca-se o papel fundamental do clínico geral/ médico de família, que gere os diferentes problemas e queixas do paciente com câncer de próstata (como no caso exposto) ou outra doença relevante e deve intervir ao encontro de adaptações possíveis, ajudando a promover o bem estar biopsicossocial de seus pacientes.


Palavras-chave


Doença Crônica; Adaptação; Instrumentos de Abordagem Familiar

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