Identificação da vulnerabilidade familiar e clínica ampliada em saúde mental

Marilis Bason Cury, Christie de Paula Morais Jacquet

Resumo


Introdução: Durante o matriciamento do NASF de Jacareí identificou-se a necessidade de instrumentalizar as equipes na identificação do risco que cada família apresenta. Conhecer o modo de viver das famílias e suas vulnerabilidades potencializa as equipes na organização do cuidado ao portador de sofrimento psíquico e produz uma clínica psicossocial alicerçada na política de saúde mental para Atenção Básica.

Objetivos: Utilizar a Escala de Coelho para identificação das famílias mais vulneráveis presentes no território e, a partir deste critério de risco, promover uma reflexão com as equipes sobre a interface existente entre sofrimento psíquico e as iniquidades determinantes do processo de adoecimento.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Entre os meses de agosto e dezembro de 2012, as 07 Unidades Municipais de Saúde da Família (UMSF) do município de Jacareí, com 13 equipes de Saúde da Família, foram treinadas para aplicarem a Escala de Coelho e recadastrarem todas as famílias presentes no território. Este processo aconteceu simultaneamente ao início do processo de informatização da rede. A classificação de risco familiar se dá através dos dados da ficha A do SIAB, instrumento utilizado pelos ACS no momento do cadastramento da família, realizado no domicílio. Trata-se de um mapeamento das famílias mais vulneráveis para priorização das visitas domiciliares, respeitando-se assim o princípio da equidade.

Resultados: Paralelamente ao processo de recadastramento e instrumentalização das equipes para aplicação da Escala de Coelho, o NASF deu continuidade ao acompanhamento dos Projetos Terapêuticos Singulares realizados nas UMSF e deu continuidade às discussões de casos de saúde mental com as equipes. Embora este processo ainda seja bastante inicial, tem-se buscado organizar o cuidado em saúde mental na lógica da territorialidade, responsabilização, vínculo, acolhimento, assistência em rede e ações intersetoriais. A identificação do risco familiar tem permeado as discussões para uma clínica ampliada. Houve redução de 92% dos encaminhamentos para o ambulatório de Saúde Mental no período referido.

Conclusão ou Hipóteses: A análise do risco pela Escala de Coelho possibilita que a equipe planeje intervenções com base nas vulnerabilidades apresentadas pelas famílias, identificando as prioridades e auxiliando na organização de uma agenda das ações de forma mais justa. Ampliar o olhar, identificando a singularidade no modo de viver das famílias, contribui com a reflexão sobre os determinantes do sofrimento psíquico.

 



Palavras-chave


NASF; Saúde Mental; Atenção Básica

Texto completo:

Sem título

Apontamentos

  • Não há apontamentos.