Situação sócio-demográfica, Atenção Básica e a malária no município de Anajás, Marajó, Pará

Resumo

Introdução: A Malária é um grave problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento e particularmente na Amazônia. O município de Anajás, localizado na Ilha de Marajó no estado do Pará é considerado como possuidor da maior incidência de malária das Américas.

Objetivos: Analisar a relação entre indicadores sócio-demográficos, de atenção básica e laboratorial e a incidência da malária no município de Anajás- Marajó - Pá entre 2002 a 2011.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Estudo descritivo, exploratório e retrospectivo. Utilizadas informações do banco de dados da Secretária de Saúde de Anajás, do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP), do Sistema de Informações de Malária do PNC (SISMAL), do Sistema de Informação do Estado (SIE/IDESP) e informações municipais, para o levantamento de dados sócio-demográficos e laboratoriais. Feito análise descritiva visando relatar as características da população de Anajás que contraiu malária no período de 2002 a 2011. Utilizou-se para a análise descritiva o Excel e para análise estatística espacial o programa de livre acesso GeoDa. Os mapas foram gerados no programa ArcGis 10.0.

Resultados: No Brasil o número de notificações é estável. Mas, a região Amazônica e o Pará apresentam discreto incremento no número de casos em 2005. O município de Anajás demonstra grandes oscilações no decorrer da série histórica, apresenta incremento em 2003, 2005, 2006, 2008 e 2009, com tendência de queda em 2010 e 2011. No boletim epidemiológico (SVS, 2010), o município, entre os anos 2005 a 2008, foi responsável por 30% dos casos de malária notificados no Estado. Observa-se que a ocorrência anual foi maior no ano de 2009, com 26.118 casos positivos. A prevalência no ano de 2009 foi de 95,37 casos/100 hab. e em de 2010 de 92,07 casos/100 hab., configura-se como uma das mais altas do planeta.

Conclusão ou Hipóteses: Anajás tem uma epidemia de malária, através do difícil acesso aos serviços de saúde, baixo investimento em políticas públicas, saneamento básico, Estratégia de Saúde da Família, ausência de projetos na Atenção Básica, baixo IDH (0,592), alto analfabetismo e urbanização (38%). Isto não se limita a Anajás, mas a outras regiões do Pará e faz da malária uma ameaça à saúde pública por várias décadas.