“Telefone sem fio”: adquirindo competência intercultural no atendimento primário em Guiné Bissau

Igor de Oliveira Claber Siqueira, Felipe Duarte Augusto, Gilberto Ferreira da Silva, Henrique Mattos Machado, Paula Borges Mendonça Batalha

Resumo


Introdução: Apesar de fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o crioulo é a língua mais comum em Guiné-Bissau. O país apresenta diversos grupos étnicos (Fulas, Balantas, Manjacos, Mandingas), que na sua grande maioria tem dialeto próprio. A literatura atual, mundialmente, recomenda sensibilidade para diversidade de fatores culturais e pessoais para melhorar interação com o paciente e comunidade.

Objetivos: Relatar a importância da competência intercultural no que se refere a comunicação clínica na formação acadêmica. Sensibilizar os profissionais quanto a necessidade de comunicar-se através de diferentes idiomas e culturas; buscar a proficiência na tomada de decisões com os recursos locais existentes.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Janeiro de 2013, 2 acadêmicos de medicina,2 médicos de família e comunidade,1 pediatra e 3 dentistas se propuseram, voluntariamente, a passar 2 semanas em Guiné-Bissau com objetivo de prestar cuidados primários de saúde ,gratuitamente, à população. Devido à enorme demanda de atendimentos, o  exame físico era bem direcionado; entrevista era praticamente o único componente do método clínico que “tínhamos”, mas com grande limitação pelas barreiras culturais da diversidade de línguas, escassez de adjetivos relativos ao sofrimento e limitação de tempo. Em todas as consultas era necessário um “tradutor” que falasse português e crioulo. A comunicação era praticamente um “telefone sem fio”.

Resultados: Todos os profissionais e acadêmicos tiveram uma enorme aquisição de competências interculturais no que diz respeito à: exposição a novos costumes, contato com diversos dialetos, apresentados a queixas inespecíficas que jamais haviam ouvido (“corpo quente”, “corpo paralisa”); habilidades como tomada de decisões em ambiente primário ,com nível secundário inexistente, foram desenvolvidas ; além disso, tiveram contato com problemas clínicos pouco comuns na região de Caratinga-MG ( febre tifoide, Fome, Malária e tracoma).

Conclusão ou Hipóteses: Ampliar as habilidades de entrevistar, principalmente no que se refere a aquisição de competências interculturais é algo fundamental e que deveria ser trabalhado e estimulado nas universidades, principalmente num contexto em que o ensino da comunicação clínica tem sido considerado uma parte essencial do currículo moderno de graduação de países desenvolvidos nos últimos 20 anos.


Palavras-chave


Competência Intercultural; Guiné-Bissau; Comunicação Clínica

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