Terapia ocupacional e atendimento domiciliar: descobrindo o papel ocupacional na Atenção Primária

Resumo

Introdução: A Atenção Primária estratégia flexível, caracterizada pelo 1° contato entre paciente e equipe de saúde garante atenção integral e sistemática em um processo contínuo para proteger e reabilitar. Reabilitação é um aspecto significativo devido à violência urbana, pois a incidência de crimes violentos aumentou e, paralelamente, as lesões por armas de fogo se ficaram mais frequentes.

Objetivos: Relatar atendimento de Terapia Ocupacional com paciente paraplégico vítima de Perfuração por Arma de Fogo (PAF), uma parceria da Universidade de Brasília com equipe de saúde da família de Ceilândia-DF.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Avaliação diagnóstica feita por estudantes de T.O e equipe de saúde da família. Negociado atendimento domiciliar contínuo da T.O. Aproximação da rotina e dinâmica familiar. Avaliação física. Entrevista motivacional. Avaliação psíquica onde usuário relatou ser dependente químico. Elaboração de exercício; articulação com CAPS AD; encaminhamento para fisioterapia. Realizou-se 8 encontros semanais por alunos de TO, supervisionados por docente.

Resultados: Estabeleceu-se vínculo paciente, família e equipe de TO; orientou-se exercícios de fortalecimento muscular de MMSS. Observou-se desmotivação para com os exercícios; resultando em conversa motivacional com o paciente e familiares. Os primeiros atendimentos que antes aconteciam no leito, depois de ganhos físicos e psicossociais, passaram a acontecer nas dependências da casa; paciente estava vestido, esperando na hora marcada e não mais em seu leito. Paciente passou a comparecer ao CAPS AD, assumir seus potenciais e responsabilidades, diminuindo o uso de álcool e substâncias.

Conclusão ou Hipóteses: A experiência na Atenção Primária mediante um pacto entre o serviço, academia e comunidade, permitiu vivenciar o cuidado a pacientes em situação crônica, onde aspectos de autocuidado, autoestima e autonomia foram essenciais. Isso estimulou resgate de projeto de vida, aproximou a TO do cotidiano e percebeu-se a importância dos papéis ocupacionais na Atenção Primária.