“Ser médico”: expectativas dos acadêmicos na AIS da UFPA, Brasil

Resumo

Introdução: Alunos de medicina geralmente tem elevadas expectativas sobre o que é ´´ser médico´´, e as vantagens e obrigações da profissão. No entanto, nem sempre tais anseios estão em sintonia com a realidade do sistema de saúde.

Objetivos: Este trabalho objetiva investigar as motivações dos alunos para ingressar no curso, suas expectativas sobre o "ser médico" e como o eixo Atenção Integral à Saúde pode influenciar no processo de conhecimento da realidade profissional dentro do SUS e na motivação para a atuação futura na APS.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Realizou-se entrevistas abertas e discussões em grupo com 100 estudantes de medicina do primeiro ano do curso médico da Universidade Federal do Pará, nos anos de 2011 e 2012. Para a análise das informações coletadas utilizou-se principalmente a metodologia de análise de conteúdo.

Resultados: As principais motivações apresentadas incluíram: "boa remuneração", "cuidar", "curar pacientes", "melhorar a qualidade de vida", "oferecer bem estar", "fazer a diferença". Menos de 15% mencionou prevenção/promoção. Para eles a medicina é “mais científica” que outras áreas, reificando a hierarquia entre os profissionais. A maioria considera que o médico tem “autonomia dos atos”, ignorando que o trabalho em saúde é coletivo e interdependente. Eles acreditam que o médico tem “amplas possibilidades de atuação”, mas suas aspirações se concentram no exercício da clínica (ambulatorial/hospitalar), como opção de trabalho. O eixo temático AIS é seu primeiro contato com o SUS e a ESF.

Conclusão ou Hipóteses: A inserção precoce nas Unidades de Atenção Básica e de Saúde da Família permite que eles comparem e contrastem suas expectativas com a realidade. A partir desta vivência, criada com o novo currículo, em 2010, muitos vêm repensando o que ´´é´´ e como deve ´´ser´´ o médico, demonstrando que o atual currículo propicia uma formação mais adequada às necessidades do SUS e da APS.