Grupo de convivência em saúde mental: reinventando o dia-a-dia da loucura
Resumo
Introdução: A atenção em saúde mental no Brasil deve primar o cuidado ao indivíduo em sofrimento psíquico orientado para a inclusão e a reabilitação social, tentando superar as relações de culpabilidade, estabelecidas historicamente, entre os familiares. A família hoje é considerada a unidade de cuidado - espaço social no qual seus membros interagem, trocam informações e, ao identificarem problemas de saúde, apóiam-se e se esforçam para solucioná-los. No entanto, é notável a disfuncionalidade gerada pelo portador de doença mental em seu ambiente familiar e a necessidade que ambos possuem de escuta e de desenvolver mecanismos para lidar com as adversidades encontradas no dia-a-dia. Partindo dessa análise, o Programa de Saúde Mental do Vale do Jiquiriçá (PSM-VJ), extensão universitária do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da FMB-UFBA, desenvolveu um grupo de convivência em uma das três cidades baianas em que atua.
Descrição da Experiência: São realizadas quinzenalmente reuniões que tem como objetivo ajudar seus participantes, sendo o alvo inicial os familiares de portadores de doenças mentais, a expressar sentimentos, estabelecer vínculos, trocar experiências, trabalhar a confiança e subjetividade além de atividades com expressão corporal, buscando sempre a interatividade entre os participantes e o estabelecimento de comunicação tanto verbal quanto não verbal. São trabalhados medos, experiências passadas, sonhos, projetos, percepção corporal, felicidades, além de formas desestigmatização e o lidar diário com paciente psiquiátrico.
Objetivos: Relatar a experiência do PSM-VJ no desenvolvimento de um grupo de psicoterapia de apoio inicialmente voltado para familiares de pacientes portadores de transtornos psiquiátricos.
Resultados: Observaram-se um número pequeno de familiares freqüentando o grupo de convivência e, concomitantemente, a necessidade e o desejo da participação de outro público (pacientes e outros membros da comunidade). Partindo dessa demanda, o novo espaço tem se mostrado promissor na socialização entre participantes, no trabalho da subjetividade e auto-conhecimento através das atividades propostas. Observam-se ainda nos relatos dos participantes um processo importante de envolvimento na luta pela humanização dos cuidados aos sofredores mentais e desconstrução dos estigmas da loucura, da culpabilidade e da vitimização dos familiares.
Conclusão: A despeito do sofrimento psíquico enfrentado pelo familiar do portador de doença mental, a procura pelo grupo de convivência por parte destes foi pequena. Entretanto, frente a uma demanda emergente de outro público, repensar a estrutura.
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