Genograma - esclarecendo empecilhos socioculturais ao cuidado médico - relato de caso

Resumo

Introdução: O Genograma é uma ferramenta utilizada para engajar a família, rever dificuldades, verificar a composição familiar, clarificar os padrões relacionais e identificar os componentes da família, tendo vasto espaço na atenção integral à saúde.

Objetivo: Descrever como genograma auxiliou no cuidado médico de paciente atendida em visita domiciliar pela equipe da Unidade de Saúde da Família Guaraituba de Colombo-PR. A escolha do caso foi consensual entre alunos, preceptores e paciente, objetivando um impacto positivo na investigação e tratamento das condições pré-existentes.

Descrição da Experiência: J.O.V., feminina, 53 anos, natural e procedente de Colombo PR, residindo próximo a USF. HMA: Quadro anêmico em janeiro de 2011, sangramento anal em fevereiro e maio com persistência de anemia. Desconforto gastrointestinal associado à perversão alimentar. Manejada com sulfato ferroso e Mebendazol e encaminhada para o proctologista (recusou-se a realizar colonoscopia) e ao psiquiatra e solicitados exames de controle. Não compareceu aos encaminhamentos e não realizou exames de controle.
HMP: Artrite reumatoide há mais de 10 anos apresentando poliartralgia, rigidez matinal e sequelas (gonartrose e prótese coxofemoral total aos 40 anos) tendo feito acompanhamento no Hospital Evangélico, com uso contínuo de Predinisona e Metrotrexate. Entretanto, descontinuou o uso e perdeu seguimento em 2009. Passou a se automedicar com diclofenaco, paracetamol e prednisona. Obesidade mórbida, Hipertensão, Diabetes Mellitus e Síndrome de Cushing medicamentosa. Em 2003 retirou um nódulo na mama (não realizou mamografia após). Genograma: Pai falecido há 40 anos. Mãe, L., 85 anos, é a cuidadora da paciente. Sete irmãos: Dois morreram quando crianças e um natimorto. Irmão A., 61 anos, é o responsável por leva-la aos exames com dificuldades - trabalho. Relacionamento conflituoso com a cunhada D. (esposa de A.). Irmã I., 60 anos, é a mais próxima emocionalmente. Marido, A., 50 anos, etilista e ex-presidiário, não moram juntos. Filho J. faleceu há 3 anos (aos 24 anos), deixando o filho – neto de J.O.V., P.H. (7 anos). Filho B., 17 anos, realiza tarefas domésticas.

Resultado e Conclusões: O genograma foi essencial para compreender o contexto e para sensibilização da paciente para o comparecimento aos exames e encaminhamentos e a necessidade de mudanças em seus hábitos e estilo de vida. Assim como possibilitou identificar rede de apoio familiar que pudesse auxiliar no gerenciamento do cuidado médico da paciente, trazendo a luz à utilidade dessa ferramenta na pratica médica.