Abordagem à família na Atenção Primária: protocolo para construção de projetos terapêuticos integrais

Resumo

Introdução: O processo de produção do cuidado na Atenção Primária em Saúde (APS) vem sendo grandemente discutido nos último anos por conta da implantação dos sistemas universais de saúde. No Brasil, a implantação do SUS e, particularmente da estratégia de saúde da família (ESF), vem provocando intensas reflexões acerca dos modos de cuidar, principalmente em relação aos modos de fazer da Medicina. Nesta perspectiva, os projetos terapêuticos são cada vez mais usados na Medicina Familiar, ancorados em estudos realizados na Europa e Américas, que demonstram sua grande aplicação no controle e resolução de problemas de saúde de populações e indivíduos, sendo efetivos no cuidado integral à saúde humana.

Objetivos: Pretende-se discutir a importância dos projetos terapêuticos no cuidado integral à saúde da família e apresentar um roteiro sistemático de abordagem familiar para a APS.

Métodos: Revisão sistemática sobre projetos terapêuticos aplicados à APS em bases latinoamericanas; delineamento e validação de protocolo construído em visitas domiciliares no âmbito das Práticas de Integração Ensino, Serviço e Comunidade do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana-BA (2009-2011).

Resultados: Com base nas evidências e na prática de integração com os serviços, procedeu-se a elaboração de um roteiro para construção de projetos terapêuticos integrais (PTI), abordou questões de ordem clínica, epidemiológica e psicossocial, consolidadas num passo-a-passo: a) identificação de enfermidades existentes, motivos de óbitos declarados, complicações, situação vacinal, fatores, hábitos e comportamentos de risco para construção do familiograma; b) análise da situação de saúde familiar com a elaboração de fluxograma de riscos e identificação de quadros sindrômicos familiares; c) elaboração de “arvores de problemas” para explicação situacional dos problemas de saúde na família; d) delineamento de estratégias de intervenção comunitária e PTI familiares e individuais.

Conclusão: O trabalho realizado revelou a importância de sistematizar a intervenção na estratégia de saúde da família, pautando-se num conjunto de ferramentas que podem efetivamente auxiliar a construção de uma abordagem mais integral a indivíduos, famílias e comunidades assistidos na APS.