Uso crônico de inibidores da bomba de prótons na Atenção Primária

Denis Conci Braga, Silvia Monica Bortolini, Jéssica Viel, Emeline Cadore, Heloise Corso

Resumo


Introdução: Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) têm sido usados, muitas vezes, empiricamente (por prescrição ou automedicação) para tratamento das manifestações digestivas ou na prevenção do surgimento de sintomas. São considerados o maior avanço no tratamento de doenças gástricas. Quando usados corretamente, são os mais potentes inibidores da secreção ácida gástrica disponíveis.

Objetivos: Avaliar o perfil dos pacientes que utilizam IBPs de forma continuada, com prescrição médica, no município de Água Doce, situado na região meio-oeste de Santa Catarina.

Metodologia ou descrição da experiência: Trata-se de um estudo retrospectivo, de base populacional, transversal, analítico-descritivo. Foram incluídos todos os pacientes que continham receita médica com IBP prescrito de modo continuado e que procuraram atendimento na Estratégia Saúde da Família Irmã Thereza Uber, que possui abrangência de 100% do território (população 4095 habitantes). Foi verificada, além de dados sócio-demográficos, a realização prévia de endoscopia digestiva, tempo de uso do medicamento bem como as características da sua administração. O período compreendido para amostragem foi de maio a julho de 2013. Os dados coletados foram analisados no programa Epi Info, versão 7.0.9.7.

Resultados: Foram avaliados 93 pacientes. Destes, 74,19% (n= 69) eram do sexo feminino. O omeprazol foi prescrito em 100% das receitas. Apenas 33,33% (n= 31) tinham endoscopia prévia. A alteração endoscópica mais comum foi a dispepsia não ulcerosa, acometendo 65,22% (n= 45). Dentre os pacientes que faziam uso irregular (n= 31), 77,42% (n= 24) tomava o medicamento apenas quando tinha sintoma. O sintoma mais relatado foi a epigastralgia, em 50,91% (n= 56), seguido pela pirose em 36,36% (n= 40). Ainda, 24,73% (n= 23) relataram ter aumentado a dose por conta própria em algum momento durante o tempo de uso. Entre os pacientes que nunca realizou endoscopia, 30,64% (n= 19) utilizava IBP de forma irregular.

Conclusões ou hipóteses: Os resultados preliminares do presente estudo concluem que há uma banalização na prescrição de IBPs, e que esta, na maioria das vezes, não é criteriosa. A prescrição do omeprazol fora das indicações estabelecidas constitui erro de prescrição, e o seu uso deve estar limitado às durações de tratamento definidas para cada condição clínica.

 


Palavras-chave


Medicalização ; Inibidores Enzimáticos; Atenção Primária à Saúde

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