Diferenças no comportamento da rede de apoio em patologias físicas e mentais

Ellen Ingrid Souza Aragão, Claudia de Souza Lopes, Mônica Rodrigues Campos, Sandra Lucia Correia Fortes, Celina Ragoni de Moraes Correa

Resumo


Introdução: A rede de apoio social favorece a autoestima, melhora a adaptação e promove resiliência, ajudando as pessoas a enfrentar o adoecimento e eventos de vida negativos associados. Mas sua ação não é igual nos diferentes quadros. Este trabalho discute como o apoio social se relaciona ao adoecimento físico (hipertensão e diabetes) e psíquico (ansiedade e depressão) na Atenção Primária à Saúde.

Objetivos: Detectar e analisar a associação entre o adoecimento físico, adoecimento psíquico, a rede de apoio e o apoio social percebido, entre pacientes adultos, que foram atendidos em Unidades do Programa de Saúde da Família.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Trata-se de um estudo de corte transversal realizado no município de Petrópolis/RJ em 2002. Compuseram a amostra 714 pacientes entre 18 e 65 anos de idade, procedentes de 05 unidades de saúde da família. Os instrumentos usados na pesquisa-fonte foram: questionário geral, para coleta de dados sociais e demográficos, com perguntas referentes a variáveis indicadoras de funcionamento social e da rede de apoio social; o General Health Questionnaire - GHQ12 para aferição de Transtorno Mental Comum (TMC); o Medical Outcomes Study (MOS) utilizado para avaliar apoio percebido e um questionário respondido pelo médico, para detecção da presença de doenças físicas e psíquicas.

Resultados: Entre os portadores de doenças físicas verificaram-se associações positivas com a rede de apoio: hipertensão e frequentar religião (OR=1,56 IC 95% 1,14-2,14), diabetes e ter famíliar íntimo (OR=2,13 IC 95% 1,27-3,58) e entre diabetes e percepção do apoio emocional (OR=2,06 IC 95% 1,31-3,22). No entanto, para os portadores de TMC as associações são invertidas tais como, TMC e frequentar religião (OR=0,69 IC 95% 0,48-0,98), rede de famíliares maior que quatro pessoas (OR= 0,55 IC 95% 0,35-0,87), sendo o apoio percebido como insuficiente demonstrado pelos dados da associação entre TMC e percepção do apoio emocional (OR=0,52 IC 95% 042-0,64).

Conclusão ou Hipóteses: A doença física leva a aumento da rede de apoio social, mas o sofrimento mental se associa à redução deste apoio e os pacientes têm menor rede de apoio, baixos índices de prática de atividades físicas e sociais e ausência de companheiro, com índices menores de proteção. O fortalecimento das redes sociais deve ser parte do tratamento para melhora da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas.

 


Palavras-chave


Apoio Social; Atenção Primária à Saúde; Saúde Mental

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