Médicos de Família e Comunidade (MFCs) em desastres naturais: os casos de Alagoas e Rio De Janeiro
Resumo
O aumento nas notificações de desastres naturais no Brasil traz a necessidade de aprofundar a discussão sobre o papel da Atenção Primária à Saúde (APS) e do Médico de Família e Comunidade (MFC) nesses contextos. O presente trabalho se faz a partir de duas experiências trágicas em que MFCs do Serviço de Saúde Comunitária (SSC) do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) estiveram atuando em missões de socorro: as cheias na região da bacia do Rio Mundaú em Alagoas, em 2010, e os desabamentos decorrentes de enxurradas na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011. O objetivo é relatar as duas experiências, refletindo sobre o papel do MFC nos diferentes lugares em que pode ocupar: o médico local de referência para a comunidade atingida e o médico que vem em missão. Ainda, há diferentes momentos de atuação nos diferentes estágios do desastre, bem como as diferentes parcerias e outros profissionais de saúde. Que a atuação e a definição de papéis em diferentes momentos sejam valorizadas também no planejamento da Força Nacional – cadastro de profissionais de saúde treinados em ações em desastres. Os desastres relatados acontecem em regiões muito diferentes, tanto cultural quanto economicamente, o que possibilita traçar um paralelo, tendo em vista as políticas públicas, os investimentos em saneamento, moradia, educação e saúde - estruturação da rede de APS. A reflexão é importante, pois, estatisticamente, a intensidade do desastre depende mais da vulnerabilidade do território e das comunidades do que da magnitude do evento adverso: mais de 90% das mortes por desastre em todo o mundo ocorrem nos países mais pobres. Ainda, profissionais da saúde enfrentam diariamente desastres crônicos advindos de desigualdades sociais. MFCs têm um papel fundamental na prevenção de desastres em tudo o que diz respeito ao território, à comunidade e à gestão local. Durante e após o desastre, o MFC deve incrementar, em parcerias, ações de vigilância, prevenção e acompanhamento de agravos, garantindo a continuidade dos programas. A abordagem à saúde mental e aos abrigos necessita outras mobilizações, recursos e profissionais tendo a intersetorialidade como imprescindível. Não há uma diretriz única, mas estratégias adequadas a cada situação e a cada cultura, com respeito, ética, crítica, coragem e humanidade.
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