Educação continuada com agentes comunitários de saúde: uma experiência em saúde mental
Resumo
Introdução: Com todas as mudanças na forma de se pensar e agir em saúde surge no Brasil um novo profissional: o Agente Comunitário de Saúde (ACS). Produto e agente da Reforma Sanitária, a potencialidade de ACS ainda é pouco explorada diante da vasta área de atuação. Trabalhar este potencial de forma a possibilitar um cuidado integral, humano e territorializado ao portador de sofrimento mental é a proposta do Programa de Saúde Mental Vale do Jiquiriçá (PSMVJ), projeto de extensão universitária do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Bahia da UFBA. O PSMVJ, organizado por um psiquiatra docente e nove estudantes em graduação, realiza assistência em saúde mental em três cidades do interior baiano.
Objetivo: Relatar a experiência do PSMVJ no processo continuado de educação em saúde mental junto ao ACS.
Descrição da Experiência: Oficinas formativas que visam preparar o ACS à atuação em saúde mental ocorrem quinzenalmente nas três cidades acompanhadas. São organizadas pelos estagiários de maneira a serem lúdicas e pedagógicas, de variados formatos – dinâmicas de grupo, dramatizações, seminários e discussões de casos – sempre priorizando a construção coletiva e horizontalizada do conhecimento. Os temas das oficinas são propostos pelos estagiários ou pelos ACS, frente a uma demanda emergente na comunidade; alguns destes foram: saúde mental, doenças psiquiátricas, alterações de comportamento, sofrimento dos pacientes e familiares, o estigma da loucura, estratégias terapêuticas.
Resultados: Os agentes passaram a identificar portadores de sofrimento psíquico, orientar usuários e familiares, encaminhá-los ao tratamento com a equipe do PSMVJ e acompanhar casos. Observou-se que, com as oficinas, os ACS apresentaram mais segurança no trato com o paciente portador de transtorno psiquiátrico, tanto por entender melhor o processo saúde-doença quanto pela diminuição dos preconceitos para o com este. Os ACS atuaram como profissionais de saúde capazes de participar ativa e humanamente na construção do projeto terapêutico de cada paciente, aumentando a aderência e o sucesso. Os agentes mostraram-se ainda como sujeitos transformadores da realidade local, capazes de disseminar em suas áreas de atuação, dentro da comunidade, uma nova perspectiva sobre a doença mental, diminuindo estigmas históricos existentes.
Conclusões: O ACS carrega o poder de fortalecer uma atenção em saúde integral e de qualidade, contribuindo para um tratamento humano e ético dos pacientes em sofrimento mental, proporcionando um novo olhar da comunidade sobre a loucura e ampliando redes sociais e inserção destas pessoas no serviço de saúde local.Palavras-chave
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