Violência nas relações familiares como formadoras de violência

Bruna Francinetti Menezes Castro dos Santos, Fabiane Cristina Schwenkow, Maria das Graças Saturnino de Lima, Roseli L. de Oliveira, Wilze L. Bruscatto

Resumo


Introdução: A violência na família consiste em relações de abuso de poder e envolve atos de agressão, maltrato e violência física, sexual ou psicológica. Este padrão de relação, muitas vezes, é utilizado pela família como forma aceitável de resolução de conflitos e pretexto para uma boa educação, além de ocorrer em um espaço, socialmente, reconhecido como de proteção e amor. Tais fatores são considerados de risco porque apresentam fortes evidências para a aprendizagem social da violência no sistema familiar, propiciando a perpetuação desse padrão de interação e a transmissão do modelo de violência a outras gerações.

Objetivo: Avaliar a violência na organização da estrutura e nos padrões de interação das famílias de origem das pacientes puérperas, em medida privativa de liberdade e albergadas no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário (CHSP) por reconhecimento legal ao direito à amamentação e ao convívio com o bebê.

Método: Entrevistas semi-dirigidas abordando estrutura e funcionamento do sistema familiar, padrões de interação, relações de poder e a influência de valores culturais neste funcionamento.

Resultados: Foram avaliadas 60 pacientes. Foi observado um tipo de organização familiar desligada, caracterizada pelo distanciamento entre seus membros, em que as ações dos pais oscilavam da negligência às respostas autoritárias. Não foram identificadas relações de apoio, cooperação e aprovação em nenhum subsistema da família. O padrão de interação mais comum configurou-se pela figura materna centralizadora do núcleo familiar, ainda que sem condições emocionais para apoiá-lo, e a figura paterna entendida como uma ameaça ou ausente no papel de provedor e de formador dos filhos. As respostas dos pais eram percebidas como violentas, imprevisíveis e tinham como pano de fundo o alcoolismo, a depressão no aspecto psiquiátrico e o desemprego.

Considerações finais: A violência no núcleo familiar é uma ameaça à formação da identidade e ao entendimento e a internalização das regras sociais. Tal modelo de interação familiar favorece a constituição de indivíduos imaturos emocionalmente com grande dificuldade para manejar frustrações. Estes indivíduos apresentam-se permeáveis e vulneráveis às situações de risco ou ainda, propagadores da violência que carregam, perpetuando o modelo de violência como padrão de interação.O acompanhamento psicológico é de extrema importância para conscientizar estas pacientes sobre seu funcionamento e refletir sobre outras formas de atuação, podendo assim quebrar este modelo de interação e comunicação.

Palavras-chave


Família; Violência; Saúde Materno Infantil

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