Projeto terapêutico singular: um desafio às limitações da Atenção Primária à Saúde
Resumo
Introdução: A abordagem deste caso exemplifica a complexidade do sujeito no seu processo saúde-doença e o desafio da APS em repensar suas ações, adequando o cuidado às necessidades da comunidade e do indivíduo. A construção do Projeto Terapêutico Singular (PTS), no contexto da clínica ampliada, reafirma a ação integrada da equipe enquanto compromisso primordial com a qualidade da assistência.
Objetivos: Elaboração multidisciplinar do Projeto Terapêutico Singular (PTS) pela Equipe de Saúde da Família (ESF), como proposta de reflexão dos processos de trabalho e das condições de saúde e adoecimento do indivíduo.
Metodologia ou Descrição da Experiência: Construção do PTS após identificação de paciente complexo, sem coordenação do cuidado: homem, 47 anos, múltiplos problemas de saúde (HAS, diabetes, dislipidemia, obesidade, baixa adesão, tique nervoso e transtorno ansioso-depressivo) culminando em desenvolvimento de disfonia psicogênica e isolamento social. Uso prévio de múltiplos antidepressivos, sem melhora. À Partir do PTS foram definidos diagnósticos multicausais, com auxílio de outros níveis de atenção, seguidos das estratégias de enfrentamento pela Atenção Primária, priorizando a promoção de recursos facilitadores da adesão, estimulo ao autocuidado e à autonomia, intervenção multiprofissional e responsabilização dos atores.
Resultados: Observou-se, através da humanização da atenção e organização do cuidado, maior adesão ao tratamento e melhora no controle da diabetes; início de prática de atividade física e perda ponderal; melhora do humor e do estado emocional geral; evolução global da qualidade vocal, com ganho significativo na comunicação e na interação social. Deve-se enfatizar a participação crescente do paciente no seu projeto terapêutico e o consequente impacto em sua qualidade de vida.
Conclusão ou Hipóteses: A abordagem integral, o estímulo à autonomia e a valorização das potencialidades do indivíduo desencadearam na retomada às suas habilidades sociais. A ESF, ao desenvolver o PTS, construiu novas ferramentas clínicas e organizacionais, estabelecendo um vínculo “equipe-paciente”, minimizando as fragmentações. Para nascer esse cuidado, foi necessário desconstruir limites e ampliar as possibilidades.
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