Projeto terapêutico singular na ESF: perspectiva de ação comunicativa

Resumo

Introdução: Projeto terapêutico singular realizado pelo autor com uma família atendida em uma Clínica da Família em Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ, cuja interface com a Teoria do Agir Comunicativo, de Habermas, possibilitou a reorganização do trabalho em equipe com o entendimento integral da singularidade do sujeito, decisivo no resgate da autonomia do cuidado pelos membros da família.

Objetivos: Ser resolutivo às necessidades de cuidado do usuário; abordar integralmente a família, quanto ser social, nestas necessidades; estabelecer interface entre a rede familiar com a rede social onde se insere; criar condições para a construção da autonomia do sujeito no contexto social e familiar.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Plano de intervenção detalhado onde cada membro da equipe de Estratégia Saúde da Família terá papeis claramente definidos, tanto na interlocução com os indivíduos do núcleo familiar, como com os parceiros da rede de atenção, que transcendem a esfera do setor saúde (Serviço Social, Organizações Não-Governamentais, Instituições Religiosas). Para tanto serão utilizados os espaços que se encontram previstos para a Clínica da Família Dr. José de Paula Lopes Pontes (Guaratiba, Rio de Janeiro) como consulta individual, visitas domiciliares, grupos de promoção e rodas de terapia comunitária e as tecnologias já incorporadas pela Saúde da Família, como genograma e mapa de redes.

Resultados: Fortalecimento das tecnologias leves em saúde (vínculo, acolhimento, co-responsabilização e autonomia), tornando-as resolutivas no sentido de maior adesão à terapêutica; formação de redes multidisciplinares em conjunto com usuários/famílias, no trabalho cotidiano dos serviços de saúde prestados pela Estratégia Saúde da Família; ampliação da capacidade do entendimento e apropriação do cuidado por parte do usuário, agenciando soluções no campo afetivo, material e social que restabeleçam a Saúde da Família e do indivíduo; utilização das planilhas de intervenção e seus descritores que capacitem a formulação de Projetos Terapêuticos Singulares factíveis e eficazes.

Conclusão ou Hipóteses: Na medida em que a busca por consultas na livre demanda da família analisada diminuírem, teremos uma avaliação indireta de que a autonomia dos sujeitos encontra-se em recuperação. O resgate das relações familiares e comunitárias na perspectiva do agir comunicativo fortalece a rede familiar e social, gerando menos sofrimento e buscando outras terapêuticas, para além das consultas e medicalização.