Especialização em Medicina de Família e Comunidade: visão dos acadêmicos de Sobral
Resumo
Introdução: A Estratégia Saúde da Família tem reorganizado o sistema de saúde brasileiro. Na tentativa de reduzir a carência na Atenção Primária, expandiu-se a residência em Medicina de Família e Comunidade. Entretanto, poucas vagas são ocupadas. Em 2011, o MEC contabilizou uma ociosidade de 71% das vagas do país. Em Sobral, o fato se demonstrou na ocupação de apenas uma das 12 vagas ofertadas no ano passado.
Objetivos: Como a literatura brasileira apresenta poucas evidências sobre o motivo desta baixa procura, buscamos aqui analisar, dentro de nossa realidade, qual a visão que os acadêmicos de medicina possuem em relação à residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC).
Metodologia ou Descrição da Experiência: Este estudo sistemático transverso foi realizado com alunos da graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará em Sobral em outubro de 2012. Os acadêmicos responderam a oito perguntas objetivas de um questionário sobre temas envolvendo a Medicina de Família e Comunidade em seus aspectos históricos e práticos. 152 alunos, dos oito primeiros semestres e das duas turmas de internato da Instituição participaram do estudo, sob consentimento livre e esclarecido.
Resultados: Uma percentagem relevante (17, 10%) dos acadêmicos afirmou, surpreendentemente, que pretende atuar na MFC após sua graduação; 46,71% objetiva atuar na Atenção Primária apenas durante alguns anos. A maioria dos acadêmicos (95,39%) reconhece a importância da MFC. O contato precoce com a pessoa (46,05%), o resgate da humanização da relação médico-paciente (30,92%) e a longitudinalidade do atendimento (13,16%) foram considerados os mais interessantes aspectos. Em contrapartida, as condições adversas de trabalho foram eleitas por 60,53% dos entrevistados como as mais desestimuladoras; outros 18,42% elegeram nessa categoria o baixo status social e profissional.
Conclusão ou Hipóteses: A maioria dos acadêmicos de medicina em Sobral atribui à residência em MFC elevada importância, entendendo, ainda durante a graduação, sua relevante função na Atenção Primária à Saúde. Os pontos que consideram negativos da especialidade, que justificariam a opção por outras especialidades, são as más condições de trabalho, o baixo retorno financeiro e os escassos recursos materiais e tecnológicos.
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