O consumo de álcool na gestação e análise dos prontuários clínicos

José Renato Ferreira da Cunha, Antônio Alberto Nogueira, Maria Célia Mendes

Resumo


Introdução: O consumo alcoólico na gestação envolve riscos, devido aos efeitos teratogênicos do álcool no feto. A literatura aponta que não há quantidade segura de ingesta alcoólica na gestação. A crença de que gestantes não ingiram álcool, dificulta a investigação clínica durante o pré-natal e esta situação prejudica a elaboração de linhas de cuidado adequadas à mulher e ao feto.

Objetivos: Rastrear o consumo alcoólico com o questionário Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) em mulheres gestantes e não gestantes e comparar com os registros da investigação clínica sobre uso de álcool, que constavam dos prontuários clínicos.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Estudo transversal com 107 gestantes e 70 não gestantes, com idades entre 18 e 35 anos, atendidas na Estratégia de Saúde da Família de Araraquara. Foi realizada investigação sociodemográfica e aplicado o AUDIT. Foram analisados os prontuários quanto à coleta de dados clínicos, o registro dos interrogatórios sobre o uso de álcool e o padrão de consumo na Unidade de Saúde da Família. A pesquisa foi realizada no Departamento. Ginecologia e Obstetrícia da FMRP-USP e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do CSE/FMRP-USP.

Resultados: A investigação clínica do uso de álcool foi registrada em 19,6% dos prontuários das gestantes e 11,4% das não gestantes. O uso de álcool foi indicado em 5,6% das gestantes e em 1,4% das não gestantes. O padrão de uso foi descrito como “pouco, às vezes ou raramente”. O rastreamento com o AUDIT indicou que 24,3% das gestantes e 37,1% das não gestantes apresentaram uso de risco de álcool. Os dados dos prontuários não definem o padrão de uso de álcool. Há, ainda, a subnotificação e não foi possível esclarecer se não houve a investigação ou não foi anotada. O rastreamento do uso de álcool deve ser realizado no pré-natal com instrumentos que permitam à equipe identificar e orientar a paciente.

Conclusão ou Hipóteses: O rastreamento com o AUDIT indicou que 24,3% das gestantes e 37,1% das não gestantes apresentaram uso de risco de álcool, enquanto o consumo alcóolico registrado nos prontuários foi 5,6% entre as gestantes e 1,4% entre as não gestantes.

 




Palavras-chave


Alcoolismo; Alcool e Gestação; AUDIT

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