Hanseníase em menores de 15 anos em município hiperendêmico da Bahia

Resumo

Introdução: A presença da hanseniase em menores de 15 anos é um forte indicador tanto da qualidade dos serviços quanto do nível de transmissão da doença, além de indicar a gravidade da endemia. No Brasil, em 2011, o coeficiente de detecção de casos novos nessa faixa etária foi de 5,22/100 mil habitantes, enquanto que em Juazeiro-Ba, esse valor foi de 25,06/100 mil habitantes.

Objetivos: Este trabalho tem como objetivo identificar as características clínicas e epidemiológicas dos indivíduos menores de 15 anos diagnosticados com hanseniase no municipio hiperendêmico Juazeiro-Bahia, no ano de 2012.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal e descritivo. A amostra foi composta por todos os casos de hanseniase diagnosticados em menores de 15 anos, no ano de 2012, no município de Juazeiro-Ba. As variáveis foram obtidas a partir da análise da ficha de notificação/investigação e do Protocolo Complementar de Investigação Diagnóstica de Casos de Hanseníase em menores de 15 anos -PICD<15 anos (MS, 2010). Após a coleta, os dados foram informatizados em planilhas do Microsoft Excel 2010 e analisados estatisticamente.

Resultados: Foram diagnosticados 16 casos na faixa etária estudada. 81,25% eram meninas. 50% apresentavam idade entre 13-15 anos, 31,25% com idade entre 10-12 anos e 18,75% com idade entre 6-9 anos. 56,25% afirmaram tempo de aparecimento de sintomas menor que 6 meses, enquanto que apenas 6,25% afirmaram tempo maior que 1 ano. 56,25% apresentavam algum caso de hanseníase na família. A forma mais prevalente foi a tuberculóide (68,75%).12,5% eram casos multibacilares. 87,5% da amostra apresentavam grau de incapacidade zero no momento do diagnóstico, sendo a classificação operacional paucibacilar com maior percentual de grau zero (81,25%)

Conclusão ou Hipóteses: Trata-se de um município hiperendêmico para hanseníase, o que implica necessidade de ações de controle da doença, sobretudo na busca ativa e diagnóstico precoce desses casos. Os resultados apontam para a manutenção da cadeia epidemiológica de transmissão, com contágio ocorrendo nos primeiros anos de vida.