Desmedicalização assistida para dependência por benzodiazepínicos
Resumo
Introdução: Benzodiazepínicos são medicamentos com extensa e efetiva aplicação clinica. Sua prescrição não criteriosa tem crescido, e precauções devem ser tomadas para que uma receita não se torne instrumento de cronificação do uso e causa de iatrogenia. Para tal, elaboramos um efetivo instrumento para o tratamento da dependência química por este grupo farmacológico: o manual de Desmedicalização Assistida.
Objetivos: O objetivo do manual “Desmedicalização Assistida...” junto aos procedimentos sistematizados, foi a criação de um instrumento de trabalho, articulado à Política de Saúde, para o diagnóstico e tratamento de uma situação clínica difícil de ser identificada: a dependência química por benzodiazepínicos.
Metodologia ou Descrição da Experiência: O trabalho nasceu de uma experiência clínica em MG - ser ameaçado por parente de um Prefeito para repetir sem consulta uma receita de diazepam. Constatada a dependência, a única indicação para sua manutenção era uma redução gradual e assistida. Assim surgiu o “Manual...”, adotado como instrumento de trabalho no RJ (NASF São Gonçalo).
Continha informações sobre os benzodiazepínicos: indicações, efeitos colaterais, etc. A formatação visava a auxiliar na multiplicação para os usuários, pois trabalhamos o Consentimento Informado. Sua aplicação considerou a autonomia e as particularidades de cada usuário, lidando com o conteúdo em Saúde como atividade pedagógica.
Resultados: Houve redução substantiva do uso de benzodiazepínicos como tratamento crônico (mais de oito semanas) para situações de angústia ou sofrimento. Foram identificadas, pelos próprios usuários, as causas de seus sofrimentos, que não eram apresentadas nas avaliações anteriores. Reforçou-se a resiliência, capacitando o usuário para identificar outras opções de suporte para suas dores emocionais. As equipes de saúde puderam compreender que a prática indiscriminada da prescrição de benzodiazepínicos não é inócua; e souberam lidar com demandas incisivas de alguns pacientes por tais medicações. Esta atividade, sistematizada e multidisciplinar, promoveu intercâmbio de saberes dos membros das equipes.
Conclusão ou Hipóteses: Indicações do uso de benzodiazepínico devem ser revisadas 1-quando houver mudança do médico prescritor e 2-periodicamente. Embora procedimento regular, deve ser sistematizado como necessário. Se identificada prescrição indiscriminada de benzodiazepínicos ou estado de dependência, deve haver intervenção sistematizada de equipe multidisciplinar para estabelecimento de contrato terapêutico.
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