Abordagem e tratamento do vaginismo pelo MFC - relato de dois casos
Resumo
Introdução: Definido como espasmo involuntário recorrente ou persistente dos músculos perineais e elevador do ânus a qualquer tentativa ou intenção de penetração vaginal, mesmo na presença de resposta sexual adequada, o vaginismo interfere negativamente na qualidade de vida, compromete as relações conjugais e interpessoais e pode ser causa de anulação de casamentos.
Objetivos: Discutir e analisar, numa perspectiva integral, questões relativas à sexualidade na formação do MFC, a partir do relato de 2 casos de vaginismo em pacientes atendidas no Ambulatório de Saúde da Mulher do Programa de Residência em MFC do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Metodologia ou Descrição da Experiência: E.C., casada, 26 anos, moradora do Borel, com queixa de dificuldade de penetração há 10 anos e M.S., solteira, 21 anos, moradora da Barra da Tijuca com relato de insucessos nas tentativas de penetração vaginal há 3 meses. Ambas referem dor intensa em todas as tentativas. EC relata algumas relações com penetração mesmo com muita dor e MS revela nunca ter observado seus órgãos sexuais. Ao exame, ambas reagiam com forte contração involuntária dos músculos perineais ao menor toque da vulva. O toque digital vaginal revelou incapacidade de perceber os movimentos de contração/relaxamento dessa musculatura, permitindo o diagnóstico diferencial com dispareunia.
Resultados: Nas consultas-conjuntas para atendimentos individuais semanais e quinzenais com a supervisão de 2 preceptores (sexóloga e fisioterapeuta) e nas consultas mensais com os casais, puderam ser abordados os medos e mitos que mantinham e/ou reforçavam a disfunção sexual, bem como a relação dessas mulheres com seus corpos e seus desejos. Foram propostos exercícios de respiração, conscientização corporal e cinesioterapia do assoalho pélvico com objetivos terapêuticos e para a capacitação profissional da médica residente. A cada encontro era incentivada a busca pela intimidade com o próprio corpo e nas relações com o parceiro e reforçados os sucessos alcançados.
Conclusão ou Hipóteses: O vaginismo tem abordagens pouco eficientes, tanto pela ausência de tratamento cirúrgico ou medicamentoso quanto pela má interpretação da queixa, por parte dos médicos. Embora reconhecido pela dor, a contração dos músculos perineais precede essa sensação. Assim, o controle da musculatura, a consciência dos órgãos sexuais e das sensações eróticas são fundamentais para o sucesso do tratamento.
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