Família cuidadora: implicações emocionais e sociais do ato de cuidar

Resumo

Introdução: Cuidar é uma atitude de ocupação, preocupação e responsabilização com o outro. A dedicação contínua ao familiar que necessita de cuidados pode interferir na qualidade de vida dos cuidadores, pois com o tempo ocorre um aumento na demanda e na sobrecarga materializada por problemas e dificuldades.

Objetivos: Apreender as repercussões dos aspectos emocionais e sociais geradas na vida de familiares de um paciente em cuidados contínuos.

Metodologia ou Descrição da Experiência: A pesquisa configura-se como qualitativa. A escolha dos sujeitos de pesquisa, no contexto de uma abordagem não-probabilística, está apoiada na amostragem por acessibilidade – o pesquisador seleciona os elementos a que tem melhor acesso, admitindo que estes possam representar o universo. Portanto, a família selecionada apresenta um membro vítima de traumatismo crânio-encefálico em reabilitação, alvo de cuidados contínuos. Como fonte de evidências, utilizou-se entrevistas semiestruturadas, contemplando-se duas dimensões: emocional e social. Os registros das entrevistas foram realizados mediante gravação, anotações das falas e apontamentos das linguagens não verbais.

Resultados: Observou-se que a família envolvida precisou adaptar-se às limitações e às condições geradas pela situação e, deste modo, ressignificar sua existência. Evidenciou-se que o aspecto emocional estava diretamente relacionado com a qualidade da saúde física. Nos relatos, notou-se um sentimento profundo de tristeza nos familiares pela condição de dependência, das perdas funcionais, da frustração dos desejos e da interrupção dos sonhos que o trauma impôs à vítima. Os cuidadores revelaram a ocorrência de mudanças no estilo de vida, as quais reduziram, modificaram e geraram insatisfações na vida social dos mesmos, levando-os ao distanciamento dos amigos e, por conseguinte, ao isolamento social.

Conclusão ou Hipóteses: Os resultados apontam para a necessidade de assistência social as famílias cuidadoras. Ademais, compreender a vivência dos cuidadores torna-se imprescindível para uma intervenção mais humanizada por parte dos profissionais da área da saúde, bem como para o planejamento de programas de orientação e apoio aos familiares, considerando as peculiaridades intrínsecas da dinâmica do cuidado.