Espaços de brincar, espaços para cuidar: experiências de um grupo de crianças

Camila Cristina Bortolozzo Ximenes de Souza, Eucenir Fredini Rocha, Evelien Emmy van Schaik

Resumo


Introdução: Na Estratégia Saúde da Família, as crianças com atraso no desenvolvimento nem sempre são identificadas, pois a maioria das ações de puericultura preocupa-se com o crescimento, e não com o desenvolvimento. Quando identificadas, poucas são as ações para esta população, uma vez que tradicionalmente elas cabem aos centros de reabilitação: pouco acessíveis e receptíveis aos que tem bom prognóstico.

Objetivos: Narrar a experiência de um grupo de crianças com deficiência que acontece há 4 anos na Estratégia de Saúde da família, as potencialidades e desafios da construção desse espaço lúdico e de cuidado tanto para crianças quanto para familiares, e como isso qualificou as ações dos profissionais da UBS.

Metodologia ou Descrição da Experiência: O grupo, é aberto, tem duração de uma hora, acontece semanalmente em uma sala da UBS Jardim São Jorge, Região Oeste do Município de São Paulo, e é uma parceria entre a UBS e o Laboratório de Estudos em Reabilitação e Tecnologia Assistiva do Curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Participam do grupo crianças de 0 a 4 anos, com alteração no desenvolvimento infantil, e seus cuidadores. Houve um levantamento das crianças junto às equipes após estas passarem por sensibilizações/formações específicas para o tema.

Resultados: Como o grupo funciona dentro da UBS, essas crianças passaram a circular e participar mais ativamente de suas atividades, apropriando-se desse espaço. O lúdico como atividade central estreitou as relações entre pais e crianças, que nem sempre brincavam em casa tanto por conta de uma cultura de desvalor dessas atividades, quanto devido ao estigma da deficiência, que supõe que essas crianças necessitam de terapias corretivas e espaços especializados, ao invés de brincadeira e cuidado. Além de ganhos no desenvolvimento neuro-psico-motor das crianças, as famílias puderam estabelecer redes e trocar saberes, e os pais começaram a elaborar seus sofrimentos, e também foram cuidados.

Conclusão ou Hipóteses: Os resultados do grupo e o trabalho de formação com os profissionais qualificaram suas ações e melhoraram o acesso dessa população à saúde. Com isso, iniciou-se um processo de desmonte – com profissionais e usuários – de antigas formas de compreender as ações possíveis com essa população na AtençãoPrimária, o papel da reabilitação, e sobre as necessidades da população com deficiência.






Palavras-chave


Estratégia Saúde da Família; Crianças com Deficiência; Acesso à Serviços de Saúde

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