‘Barba, cabelo e unha’ - relato abordagem saúde mental Estratégia Saúde da Família

José Benedito Ramos Valladão Júnior, Viviane da Silva Freitas

Resumo


Introdução: A abordagem em Saúde Mental engloba questões de ordem psíquica, biológica, familiar e social. O MFC inserido em uma Equipe de Saúde da Família e utilizando de ferramentas como acesso, longitudinalidade, integralidade, atendimento domiciliar, abordagem familiar, medicina centrada na pessoa, genograma e prevenção quaternária encontra-se em posição privilegiada para abordagem destas complexidades.

Objetivos: Contar experiência com caso de sofrimento psíquico grave e o uso de tecnologia leve no manejo do caso na UBS. A partir do relato fomentar a reflexão e questionamento sobre a abordagem do MFC e equipe em situações que envolvem saúde mental.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Enquanto residente de MFC na equipe de Saúde da Família Amarela da UBS Jd São Jorge, bairro periférico de São Paulo, sou procurado pela assistente social. Relata que uma moradora ligou requisitando a internação de seu tio. Sem outras informações além de nomes e endereço, procuro dados no prontuário da família. Não encontro informações do indivíduo em questão. Aparentemente não vinha sendo seguido pela equipe. Realizo atendimento domiciliar e encontro indivíduo de 54 anos em péssima higiene, cabelos desgrenhados, barba ao nível do peito, unhas compridas, negativismo franco, delírio persecutório, acrítico, com agitação e xingamentos dirigidos a familiares, há 17 anos sem sair de casa.

Resultados: Iniciado contato com sujeito e família através de atendimentos domiciliares semanais constrói-se vínculo e confiança de forma que o primeiro plano terapêutico compartilhado é “Barba, cabelo e unha“. O comprometimento, a humildade e a esperança são os potencializadores do protagonismo do indivíduo no próprio processo terapêutico, favorecendo o autocuidado, a aceitação e adesão medicamentosa. Conjuntamente, o envolvimento da equipe provê, afora o suporte técnico, o estímulo à ressocialização. Todo processo terapêutico culmina com sua saída de casa após 17 anos e mostra que o manejo até mesmo de casos classificados como T.Psiquiátrico Grave não dependem apenas da intervenção do especialista.

Conclusão ou Hipóteses: O comprometimento, esperança, profundo e autêntico interesse pelo sujeito, com o uso de tecnologia leves como acolhimento, vínculo, responsibilização, autonomização e humanização reafirmam a efetividade do Médico de Família e Comunidade juntamente à Equipe de Saúde da Família no cuidado em Saúde Mental.




Palavras-chave


Saúde Mental; Medicina de Família e Comunidade; Tecnologia Leve em Saúde

Texto completo:

PDF/A

Apontamentos

  • Não há apontamentos.