Visita domiciliar na Estratégia Saúde da Família: percepção do usuário
Resumo
Introdução: A visita domiciliar constitui espaço de compreensão ampliada do processo saúde/doença1 e confrontação do modelo hegemônico centrado na doença e distante do contexto de vida dos usuários 2 . Todavia, torna-se oportuno avaliá-la, não apenas por ser parte de um processo de atenção continuada e multidisciplinar, mas também pela importância da percepção do usuário acerca da assistência recebida.
Objetivos: Este estudo objetivou compreender a percepção dos usuários em relação à visita domiciliar no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF) delineando dimensões objetivas e subjetivas deste elemento assistencial na relação entre usuário, profissional e sistema de saúde.
Metodologia ou Descrição da Experiência: Trata-se de um estudo qualitativo realizado durante o desenvolvimento do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET Saúde da Família, constituído pela parceria do Ministério da Saúde com a Universidade Federal do Pará. Foram realizadas 20 visitas domiciliares em uma comunidade carente da periferia de Belém do Pará durante as quais foram feitas entrevistas semi-estruturadas com os critérios: família estar cadastrada há mais de um ano na ESF, ter recebido pelo menos 10 visitas dos membros da equipe de saúde e estar em condições físicas e psicológicas para responder as perguntas. Os depoimentos foram analisados e categorizados quanto as temáticas presentes nas falas.
Resultados: Obteve-se 4 categorias: características da visita, olhar do usuário acerca da visita, relação com a equipe, satisfação com o serviço. A maioria das visitas foi de agentes comunitários. Para o usuário, acontecem com frequência e duração reduzidas e, por motivos como impossibilidades de locomoção ou dever do profissional. A visita é vista como algo facilitador, torna o cuidado especial e prático. Alguns usuários, porém não perceberam melhorias. Há relação próxima e cordial entre profissionais e usuários. Constatou-se satisfação com o serviço em aspectos como atenção dispensada pelos profissionais e insatisfação quanto a limitações temporais da visita e irresolução de problemas de saúde.
Conclusão ou Hipóteses: Concluiu-se que a visita domiciliar constitui ferramenta estratégica para humanização e integralidade do cuidado. Apesar de impasses operacionais como frequência e duração das visitas, não resolução de problemas de saúde nesse espaço, percebeu-se a valorização deste elemento pelo usuário, que busca ser atendido não só em suas demandas biológicas, mas de atenção, respeito e dignidade.Palavras-chave
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