Tratamento das dependências químicas na Atenção Básica em cidades de pequeno porte
Resumo
Introdução: A assistência a usuários de Substancias Psicoativas (SPAs) vinculada à Atenção Básica é pouco resolutiva. Nesse contexto, o Programa de Saúde Mental do Vale do Jiquiriçá (PSMVJ) é um projeto de extensão universitária docente-assistencial que realiza viagens quinzenais a três pequenos municípios do estado da Bahia, buscando desenvolver estratégias alternativas para acolhimento destes pacientes.
Objetivos: Descrever a experiência do PSMVJ no cuidado a usuários de SPAs em cidades que não dispõem de CAPS e discutir as dificuldades e possibilidades do processo. Analisar o uso de tecnologias simples em saúde, possibilidades de aplicação dos princípios de Redução de Danos e os resultados desta abordagem.
Metodologia ou Descrição da Experiência: Além do atendimento ambulatorial, o PSMVJ promove um grupo de convivência e utiliza recursos da AB: realização de visitas domiciliares, mobilização da rede social e capacitação de Agentes Comunitários de Saúde. O destaque aos transtornos relacionados às SPAs deve-se à alta prevalência nestas cidades. É instituído tratamento medicamentoso, recursos como entrevista motivacional e Redução de Danos. O suporte psicológico é oferecido em casos selecionados. O cuidado à saúde destes pacientes abrange o acompanhamento de comorbidades e vai além do espaço do consultório. As atividades de educação continuada reservam um espaço para discussão de casos, delineando uma forma de cuidado particularizada
Resultados: A ausência de CAPS impede o acompanhamento por profissionais que enfocariam outros aspectos da dependência de SPA, sendo um importante entrave a integralidade do cuidado. O acompanhamento ininterrupto oferecido por estes centros garantiria suporte continuado, diferente do acompanhamento quinzenal realizado pelo PSMVJ. No entanto, diversas possibilidades fortalecem o trabalho em Saúde Mental no âmbito da AB. O tratamento no território facilita a aceitação e a adesão a este, contribuindo com a construção do vínculo entre pacientes e profissionais de saúde. Neste contexto, é possível realizar promoção da saúde e prevenção do adoecimento mental através de ações educativas com a comunidade.
Conclusão ou Hipóteses: Os portadores de transtornos psíquicos não são atendidos em todas as esferas e existe dificuldade no diálogo da equipe de saúde mental com os serviços da rede de saúde. O uso de tecnologias simples, priorizando recursos humanos e teóricos, terapias alternativas e Redução de Danos motivam os profissionais que atuam num contexto de poucas possibilidades materiais e intensa burocracia.
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