Avanços e dificuldades no matriciamento em saúde mental na ESF da Maré

Leandro Baierl Melo, Joana Thiesen, Herica Gonçalves, Denise Mercadantes, Heloisa Sartori

Resumo


Introdução: A Maré é uma comunidade no Rio de Janeiro, com população de 129770, coberta por 34 equipes de ESF. Em 2011 foi iniciado o apoio matricial. Desde então, os casos de saúde mental, em vez de serem encaminhados para o especialistas, começaram a ser discutidos e acompanhados através de uma corresponsabilização do cuidado entre a equipe de apoio matricial e as equipes de ESF.

Objetivos: Relatar a experiência de dois anos de apoio matricial em saúde mental do NASF às equipes de ESF na comunidade da Maré - Rio de Janeiro, atentando para os avanços e dificuldades da implementação desse modelo de assistência.

Metodologia ou Descrição da Experiência: A equipe de apoio matricial conta com 2 psiquiatras, 3 psicólogos e 1 assistente social. Casos trazidos pela equipe de ESF são discutidos e, de acordo com a complexidade e com a resolutividade da equipe de ESF, é feita orientação ou marcada consulta conjunta, com potencial de formação e de corresponsabilização pela assistência. Por vezes o especialista acompanha ambulatorialmente o paciente, lançando mão de ferramentas da ESF. Há apoio dos CAPS para acompanhamento especializado intensivo. Atividades em grupo com matriciadores e profissionais da ESF também têm papel de formação e corresponsabilização pela assistência.

Resultados: O território da Maré é bastante heterogêneo, assim como as equipes de ESF e a forma como conduzem os casos. A dificuldade que algumas equipes de ESF têm em assumir os casos pode estar relacionada à formação prévia precária, ao medo ou desinteresse, à sobrecarga de trabalho. Apesar das dificuldades, essa metodologia tem conseguido aumentar a responsabilidade e a resolutividade das equipes de ESF pelos cuidados em saúde mental, contribuindo com o fortalecimento da Atenção Primária com base em seus atributos, como porta de entrada preferencial, integralidade, longitudinalidade, coordenação do cuidado e cuidado centrado na pessoa e na comunidade.

Conclusão ou Hipóteses: A lógica do apoio matricial é uma grande conquista da Atenção Primária. As dificuldades que as equipes apresentam apontam para a necessidade de melhoria em vários âmbitos: melhorias na graduação dos cursos de saúde, investimento na educação permanente, adequação do tamanho da população por equipe de ESF e de apoio matricial, apoio da gestão ao processo de trabalho.




Palavras-chave


Saúde Mental; Matriciamento; NASF

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