Interrupção voluntária de uma gravidez: homens, direitos reprodutivos e APS

Lara Ximenes Santos, Thália Velho Barreto de Araújo, Sandra Valongueiro Alves, Viviane Xavier de Lima e Silva

Resumo


Introdução: Foram revisados estudos com foco nos homens acerca da participação no percurso de interrupção voluntária de uma gravidez. Mesmo que recentemente venham se processando mudanças nas questões de gênero/sexualidade, a decisão sobre o aborto continua eminentemente com elas, e a orientação sobre direitos reprodutivos observada nas unidades de saúde colabora para a manutenção dessa situação.

Objetivos: Reconhecer, segundo a literatura, os papéis desempenhados pelos homens frente à situação de abortamento de suas parceiras e os fatores relacionados a essas diferentes posturas, incluindo a metodologia do trabalho de planejamento familiar e pré-natal realizado nas unidades de saúde.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Pesquisa da literatura nas bases Scielo, Lilacs e Medline no período de janeiro/2000 a fevereiro/2012, focando em publicações sobre a participação masculina no abortamento provocado por suas parceiras. Pesquisados os descritores aborto e aborto induzido associados aos descritores homens e identidade de gênero, foram encontrados 33 artigos diferentes. A seguir, foram identificadas as referências nos artigos selecionados relacionadas ao tema e incluídos mais seis artigos na revisão. Este trabalho é um recorte de pesquisa mais ampla sobre a participação masculina no percurso de interrupção de uma gravidez indesejada realizado pelas autoras na UFPE.

Resultados: A participação dos homens no abortamento se relaciona a grau de envolvimento com a parceira, nível educacional e compartilhamento de decisões sobre anticoncepção. A proibição do aborto no país e argumentos religiosos dificultam a capacitação dos profissionais para abordarem o tema e chamá-los à responsabilidade reprodutiva. Saúde dos homens é pauta recente nas políticas nacionais e nas unidades de saúde, frequentadas essencialmente por mulheres e crianças, ainda é difícil vê-los no pré-natal e no planejamento familiar com suas parceiras. A escassez de pesquisas sobre o assunto é mais um fator que colabora para a marginalidade dos homens do processo decisório até o abortamento.

Conclusão ou Hipóteses: Debater masculinidade é fundamental ao melhor preparo dos profissionais de saúde para abordagem e ações na saúde reprodutiva. Contribui para acolhimento adequado aos homens nos serviços de saúde e incentiva novo papel na vida sexual e no planejamento da família, com responsabilidade e respeito sobre seu corpo/da parceira, decisões reprodutivas compartilhadas e cuidado durante e pós-abortamento.

 


Palavras-chave


Masculinidade; Direitos Reprodutivos; Serviços de Saúde

Texto completo:

Sem título

Apontamentos

  • Não há apontamentos.