“Da vitrine para a selva”: aprendendo clínica médica no domicílio

Igor de Oliveira Claber Siqueira, Suellen de Alvarenga Trigo, Wendel José Teixeira Costa, Adriana Henrique Fernandes, Luiza Correa Rodrigues

Resumo


Introdução: Após 5 anos sem maiores discussões sobre o assunto, no início de 2011, foi retomado o tema da atenção domiciliar no Ministério da Saúde através de um grupo de trabalho constituído pelo conjunto das áreas técnicas do MS e por diversas outras experiências locais de atenção domiciliar. Apesar do tema ser de alta relevância, a atenção domiciliar tem sido pouco discutida e praticada nas Universidades.

Objetivos: Descrever uma experiência de ensino-aprendizagem de Clínica Médica, no contexto da atenção domiciliar. A atividade almejava dotar os futuros profissionais de habilidades e competências que os tornassem mais proficientes no exercício do método clinico e tomada de decisões no ambiente domiciliar.

Metodologia ou Descrição da Experiência: No segundo semestre de 2012, um professor (MFC) da disciplina Clinica I -sexto período do curso de medicina do UNEC - mudou o ambiente das práticas do ambulatório de clínica Médica do Consultório Escola, para os domicílios do Território onde sua ESF atuava . As visitas domiciliares eram realizadas semanalmente com grupos de 4 alunos durante um período de 3 horas. A cada semana 5 grupos participavam. Ao final de cada assistência, o método clínico era discutido e o professor solicitava que os alunos propusessem tomadas de decisões levando em considerações diversos fatores como horário, dia da semana, dinâmica familiar, peculiaridades locais do sistema de saúde e recursos disponíveis.

Resultados: Com objetivos claros de ensino--aprendizagem e cronograma de trabalho, o aprendizado no domicílio não só evitou apenas momentos de observação das patologias sem contexto (“vitrine”), como expôs o acadêmico a pessoas em sofrimento , dentro de sua realidade familiar no contexto social de sua comunidade (“selva”). Os alunos se “sentiram bem” e algumas vezes “surpresos” por conhecer a realidade de cada família e por identificar o “abismo” que muitas vezes existe entre a teoria, fluxogramas, aulas e o modo de resolver problemas na “vida real”. A atividade prezou o ensino da clínica, mas respeitou os atributos da Atenção primária

Conclusão ou Hipóteses: Um dos diferenciais da criação de um momento de ensinagem-aprendizagem em nível de atenção domiciliar com relação ao demais ambientes de saúde da rede de atenção é o fato de que constroem sua relação com o sujeito, que necessita de cuidados, no domicílio. Esse momento é o passo inicial para despertar o interesse dos tão necessários futuros praticantes da assistência domiciliar.


Palavras-chave


Atendimento Domiciliar; Clinica Médica; Medicina de Família e Comunidade

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