TDAH, critério diagnóstico ou contextual

Lilian Bentivegna Martens, Wagner Ranña

Resumo


Introdução: O aumento de diagnósticos e tratamento medicamentoso do TDAH nos fez refletir sobre o critério diagnóstico, a fragmentação entre corpo/mente e a medicalização. O TDAH é um diagnóstico psiquiátrico, baseado em respostas a itens que constam de um questionário do DSM. No atendimento, contamos com o apoio matricial em Saúde Mental Infantil, com intuito de manter o cuidado no nível primário.

Objetivos: Refletir sobre o uso e critério diagnóstico, mostrar a importância da contextualização e desfragmentação entre corpo e mente, e evidenciar a efetividade da ESF e do Matriciamento em Saúde Mental Infantil quando usado como instrumento na APS.

Metodologia ou Descrição da Experiência: K. 6 anos, trazido pela mãe, portava carta de encaminhamento da escola, com queixas de mal comportamento, inquietação constante, dificuldade em atender as regras e ouvir orientações. A mãe, M. 43 anos, dona de casa, dizia que é uma criança normal, muito ativa, carinhosa, inteligente e a obedece a maior parte das vezes, o que não ocorre com o pai, D. 33 anos, transportador autônomo. No seguimento, como apoio matricial, utilizamos recursos lúdicos e envolvimento dos pais para avaliar a formação psíquica e dinâmica familiar. Após se apropriar do contexto familiar, a equipe orienta mudanças comportamentais principalmente dos pais.

Resultados: A cada consulta, K. se portava de maneira mais tranquila, prestava mais atenção nas atividades solicitadas, permanecia sentado e não recebeu mais críticas da escola. Observamos que seu quadro,apesar de compatível com os critérios diagnósticos do TDAH - segundo DSM- era fruto de uma dinâmica familiar sem regras, imaturidade do pai, interação da função paterna, materna e escola, porém com um “holding” adequado. K. apresentava boa formação psíquica e apoio da rede familiar. Assim, a disposição e receptividade à orientações e mudanças da familia, permitiu o progresso do tratamento e evitou, junto com a equipe da ESF, a estigmatização e tratamento medicamentoso desnecessário do paciente.

Conclusão ou Hipóteses: Como as evidências científicas não são tão conclusivas, a avaliação, critério diagnóstico e método de tratamento são diretamente dependentes da experiência profissional e questões ideológicas. Assim é necessário adotar uma postura crítica e reflexiva, visão holística e contextualizada para evitar tratamento medicamentoso desnecessário, patologização e medicalização.




 


Palavras-chave


Déficit de Atenção e Hiperatividade; Medicalização; Dinâmica Familiar

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